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09/02/2011

Pamonha quente faz avião voltar a aeroporto em SP

Caixa de pamonha despachada por um passageiro foi colocada perto do sensor de temperatura, que emitiu um sinal de falso superaquecimento





São Paulo - Uma caixa de pamonha atrapalhou anteontem o voo 5722 da Webjet, que ia de Ribeirão Preto (SP) a Curitiba. Por volta das 12 horas o comandante recebeu um aviso automático de que a temperatura da aeronave estava acima do normal. Por segurança, decidiu retornar ao Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, após 20 minutos de voo.
Já em solo, foi descoberto o problema: uma caixa de pamonha despachada por um passageiro foi colocada perto do sensor de temperatura, que emitiu um sinal de falso superaquecimento no bagageiro da aeronave.Segundo a Webjet, a bagagem com a pamonha foi acidentalmente colocada perto do sensor e retirada do avião imediatamente após a inspeção técnica em Ribeirão. O avião teve de sobrevoar a cidade por cerca de meia hora para queimar combustível - procedimento padrão em casos como esse - e aterrissar com o peso ideal.A confusão formada na cabine, porém, só foi resolvida após o pouso, quando se descobriu o motivo do superaquecimento - antes, a informação era de que a aeronave passava por problemas técnicos e precisaria retornar.
Em Ribeirão, ainda assustados, alguns passageiros se recusaram a embarcar de volta no mesmo avião para Curitiba. Os cerca de 18 desistentes, segundo a companhia, foram reacomodados nos voos seguintes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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ORAÇÃO DO MILHO

ORAÇÃO DO MILHO
Cora Coralina


Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das

lavouras pobres.

Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra

descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso,

solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo

por milagre, que a terra fecundou.

Sou a planta primária da lavoura.

Não

me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo,

universal.

O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos

altares.

Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra,

onde não vinga o trigo nobre.

Sou de origem obscura e de ascendência pobre.

Alimento de rústicos e animais do jugo.

Fui o angu pesado e constante do

escravo na exaustão do eito.

Sou a broa grosseira e modesta do pequeno

sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.

Sou a polenta do imigrante e

a miga dos que começam a vida em terra estranha.

Sou apenas a fartura

generosa e despreocupada dos paióis.

Sou o cocho abastecido donde rumina o

gado

Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.

Sou o

cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.

Sou a pobreza vegetal,

agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde

SOU O

MILHO



Cora Coralina